TRABALHO DE QUARTA INSTRUÇÃO DO GRAU DE APRENDIZ


Tema: “Os Deveres do Aprendiz conforme o Ritual de Iniciação” 

Autores:             José Alberto Clemente Junior - Ir\ Ap\.
                            Luciano Moreira dos Santos - Ir\ Ap\.
                            Silvio Dias Furtado - Ir\ Ap\.

A\ R\ L\ S\ CAVALEIROS NOAQUITAS N.º 169


30 de Setembro de 1.996 da E\ V\

Ven\ Mest\,
Ir\ 1º Vig\,
Ir\ 2º Vig\,
Meus Amados IIr\:

A  G\ D\ G\ A\  D\ U\


                                   “Ouvi minha instrução para serdes sábios, não a rejeiteis.
                                   Feliz o homem que me ouve, e que vela todos os dias à minha porta e guarda os umbrais de minha casa!
                                   Pois quem me acha encontra a vida e alcança o favor do Senhor.” (Provérbios 8:33-35)

                        A quarta instrução se nos apresenta como a mais complexa até agora, eis que seu objetivo afigura-se mostrar-nos como os ensinamentos recebidos até hoje se interpenetram, formando um sistema ordenado e coeso no qual as lições recebidas no grau de Apr\ serão recorrentemente utilizadas como fundamento da atuação dos IIr\ dos demais graus.
                       
 Inicia a instrução reafirmando a estrutura moral e o conteúdo ético da M\, cujas regras são a busca da Verdade como princípio e a atuação segundo os parâmetros inconscientes de Verdade e Justiça, que são chamados de Lei Natural e Lei Moral. A aplicação da Lei Natural é preconizada como instrumento de elevação do M\ e da sociedade a um patamar de elevação moral que, de per si, levaria à solução de todos os conflitos sociais, inaugurando uma “Era Dourada” da civilização humana. É  esse o conteúdo do ensinamento, já visto na terceira instrução, que diz respeito à Igualdade, Fraternidade e Caridade como sementes das quais a Virtude, a Sociabilidade, o Progresso e, enfim, a Felicidade devem ser os frutos.
                        
Do plano geral a instrução passa para o particular, avaliando o comportamento a que o M\ se obriga, que deve ser tendente a materializar o mais fielmente possível a doutrina ética maçônica, conforme a Lei Natural e a Lei Moral já referidas. Todos os princípios particulares ali mencionados são desdobramentos necessários das normas éticas gerais já estudadas, que segundo a doutrina e a tradição judaico-cristã cada qual traz em seu íntimo  - é o discernimento do Bem e do Mal.
                        
Em seguida, a instrução nos fala de como os que estamos no seio desse organismo social podemos reconhecer nossos semelhantes no culto comum - por sinais, toques e palavras. Associa o ensinamento às lições recebidas na segunda instrução, pertinente às jj\ mmóv\. A explanação do conteúdo simbólico do Sin\ Gut\, que é a devoção aos princípios maçônicos de retidão e, em especial, o do segredo, com uma determinação extrema cujo limite é o do martírio, representado analogicamente pela mutilação de órgão da fala (a garganta e as cordas vocais), tão radical que seu efeito é a morte.
                        
Passa-se à instrução das “senhas” pelas quais o M\ reconhece um Irmão, que podem ser sinais, toques e palavras. É o cob\ do gr\ de Apr\. Mister reparar que o ensinamento é sempre repisado, demonstrando que o método pedagógico utilizado, se bem que antigo, é o mais eficaz de que se tem notícia: a observação e a repetição. Traduz também a importância que se dá para a correção dos símbolos, como forma de perpetuar uma tradição eminentemente oral, cujo comportamento deve ser imitado fiel e constantemente de forma a incuti-lo em nossos corações. Assim, nós nos tornamos aptos e manter e transmitir a tradição tal qual os antigos o faziam, quando chegar nossa hora de ensiná-la.
                        
Importante distinguir que, para nosso gr\, há um conteúdo simbólico ligado ao próprio aprendizado, em que devemos externar, por meio de representações também simbólicas, nossa condição de neófitos. Assim é com a Pal\, que devemos apenas soletrar, em vista de nossa idade convencionada, que é de t\ aa\.
                        
A palavra sagrada é B-O-O-Z, ou B-O-A-Z, e deriva-se de “B”, que significa “em”, e “OAZ”, que significa “força” - ou seja, na força. Boaz era também o nome simbólico dado à uma das duas colunas principais do Templo de Salomão; a outra tem o nome simbólico de Jachin, que significa Sabedoria. A fonte é bíblica: 1Reis, 7:21 e 2Cronicas, 3:17.
                        
As CC\ são de bronze, para melhor resistirem ao dilúvio e às intempéries; são ocas, para que sejam nelas guardados os utensílios apropriados aos conhecimentos humanos; e são super-dimensionadas para representar que a Sabedoria e o Poder do G\ A\ D\ U\ estão além das dimensões e dos julgamentos humanos.
                        
Sobre cada uma das colunas está disposta uma romã, as “Romãs da Amizade”, emblemas que coroam as colunas “J” e “B” dos Templos e cujos grãos simbolizam a prosperidade e solidariedade da família maçônica.
                        
Temos, então, mais esclarecimentos acerca da finalidade da M\: é a de unir solidariamente homens de bons costumes, a fim de que, juntos, possam amparar-se e instruir-se mutuamente, ou seja, saírem das trevas e conhecer a Luz. Por isso é importante o fato que obrigatoriamente fomos trazidos ao seio maçônico por um amigo, que se torna um Ir\ pela comunhão no culto (entendido culto no sentido moral e não religioso). Como IIr\, não há precedências a não ser as ligadas ao mérito - somos todos filhos de um mesmo Pai e membros da mesma família.
                        
É o sentido literal da “Fraternidade M\”: “frater”, como sabemos,  significa Irmão. Essa Fraternidade é universal e compreende todos os MM\pertencentes a LL\ regulares. LL\ não são apenas os Templos nos quais os MM\ se encontram, mas a comunidade organizada segundo as exigências maçônicas, que tem um Templo como sede e constitui, cada qual, uma célula desse organismo universal.
                        
Cada M\ deve estar filiado a uma L\ dita “regular”, isto é, praticante rigorosa dos ensinamentos maçônicos e sob a responsabilidade de uma Potência M\ regular e reconhecida que a oriente.
                        
Diz-se que a L\ regular é justa e perfeita quando três a governem, cinco a componham e sete a completem. Os três que a governam são o Ven\ e os Primeiro e Segundo VVig\, cargos privativos de MMest\; a exigência de cinco que a componham está ligada aos cargos da L\ que não se podem acumular - Or\ e Sec\, que bem podem ser preenchidos por CComp.\, na ausência de MMest\. Os sete que a completem constituem exigência ligada mais uma vez a tradição bíblica muito difundida, encontrada no Livro de Provérbios, 9: 1: “A Sabedoria edificou sua casa, talhou sete colunas” . São os ditos Sete Pilares da Sabedoria, a que os MM\ reunidos em L\ representam.
                        
A entrada no Templo obedece a um ritual de proteção e segredo, que são as três pancadas, significando afinal “pedi e recebereis”, que resume as outras duas proposições. A afirmação está ligada à Bíblia e aos ensinamentos cristãos e, deve-se dizer, é até mesmo vilipendiada por  “falsos profetas” que a utilizam como instrumento de seus achaques, mas esse é outro caso.
                        
A Instrução usa da entrada no Templo para, mais uma vez, reportar-se à Iniciação, que é a primeira entrada de um M\ em L\. Vendado, será colocado entre CC\, aguardando para ser conduzido às três viagens. Três são as viagens simbólicas; três são os centros onde primitivamente foram cultivadas as ciências (Pérsia, Fenícia e Egito); a própria idade do Apr\ é de t\ aa\, pois na Antiguidade esse era o tempo previsto para sua preparação. Três também são os passos da marcha do gr\, formando cada um e a cada junção dos calcanhares um ângulo reto, que significa a retidão para um real aprendizado na ciência e na virtude. Três ainda são as jj\ - fixas e móveis, as Grandes Luzes Emblemáticas e mesmo os ggr\ mm\ principais.
                        
As viagens simbólicas, que já foram estudadas na Terceira Instrução, têm fundamento bíblico, especialmente no Livro de Isaías (capítulos 42 e 43), que fala da necessidade de passarmos por veredas tortuosas, pela água sem  nos afogarmos e  pelo  fogo  sem  nos   queimarmos.

Só assim estaremos aptos a sair das trevas e ver a Luz. Em seguida, purificado o neófito pelos elementos, seu comportamento de ajoelhar-se perante o L\ da L\, apondo sobre ele a mão direita, simboliza a submissão aceita pelo M\ aos princípios da Lei e da Ordem, com respeito e humildade perante os Regulamentos e normas de cunho formal e moral que regem a instituição.
                        
Na mão esquerda está o Comp\, aberto, que figura a dualidade por suas hastes, e a união por sua junção. É um dos grandes símbolos da M\, comumente colocado sobre o A\ da L\ enlaçado com o Esq\, sobre o L\ da L\ (as Três Grandes Luzes Emblemáticas).
                        
Na Iniciação, o Apr\ segura o Comp\ com as pontas sobre o peito, representando  o dever do M\ de submeter suas paixões profanas aos ideais mm\. Esse esforço - de conter as paixões, reprimir os vícios e estimular as virtudes - consiste alegoricamente no trabalho de desbastar a P\ B\, que figura, por simbologia, o Apr\. Esse trabalho, simbolicamente, começa em L\ sempre ao meio-dia, segundo a tradição de Zoroastro, que pretendia que seus discípulos iniciassem suas atividades nessa hora para que se aproveitassem do sol irradiando o máximo de luz, e também para que, reduzidas as sombras ao mínimo, o homem de pé, completamente iluminado, não pudesse fazer sombra a ninguém.
                        
Por fim, trata a Instrução do significado da indumentária do neófito na Iniciação. Além dos significados tradicionais e bíblicos, há o significado simbólico: o neófito deve estar vendado e descalço, e não deve estar nu nem vestido  (novamente Isaías e também o Livro do Êxodo). Sua venda está pela cegueira induzida ao neófito pelo mundo profano, da qual ele deseja se afastar ingressando na M\. O pé direito descalço é um sinal de respeito, e o braço direito e peito esquerdo desnudos, além dos significados vistos na Terceira Instrução, são uma alegoria da consagração à causa maçônica, à qual ofertávamos nossas forças (o braço) e nosso devotamento (o coração).

BIBLIOGRAFIA:

1.    Varoli Filho, Theobaldo; CURSO DE MAÇONARIA SIMBÓLICA - Aprendiz (1º Tomo), ed. A Gazeta Maçônica.
2.    Figueiredo, Joaquim Gervásio de; DICIONÁRIO DE MAÇONARIA, ed. Pensamento - 1994.
3.    Castellani, José; DICIONÁRIO ETIMOLÓGICO MAÇÔNICO, ed. Maçônica “A Trolha”, 1ª ed.-1993.
4.    Adoum, Jorge; GRAU DE APRENDIZ E SEUS MISTÉRIOS, ed. Pensamento - 1993.
5.    Leadbeater, C. W.; A VIDA OCULTA NA MAÇONARIA, ed. Biblioteca Maçônica - 1994; trad. de Joaquim Gervásio de Figueiredo.
6.    A BÍBLIA SAGRADA, ed. Ave-Maria.